sexta-feira, 26 de abril de 2013

"Eu bem sabia que a nossa visão é um ato
poético do olhar.
Assim aquele dia eu via tarde desaberta
 nas margens do rio.
Como um pássaro desaberto em cima de uma pedra
 na beira do rio.
Depois eu quisera também que minha palavra
fosse desaberta na margem do rio.
Eu queria mesmo que minhas palavras
fizessem parte do chão como lagartos
fazem.
Eu queria que minhas palavras de joelho
no chão pudessem ouvir as origens da terra."

Manoel de Barros

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