"O seu olhar lá fora
O seu olhar no céu
O seu olhar demora
O seu olhar no meu

O seu olhar seu olhar melhora
Melhora o meu

Onde a brasa mora
E devora o breu
Como a chuva molha
O que se escondeu

O seu olhar seu olhar melhora
Melhora o meu

O seu olhar lá fora
O seu olhar no céu
O seu olhar demora
O seu olhar no meu

O seu olhar seu olhar melhora
Melhora o meu

Onde a brasa mora
E devora o breu
Como a chuva molha
O que se escondeu

O seu olhar seu olhar melhora
Melhora o meu"

Arnaldo Antunes

Sou fã de Bernardo, aposto que minha vó ensina e é ensinada por ele,
lá de cima ela me apresenta Bernardo, se um dia tiver um filho, ele será
Bernardo.

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Bernardo é quase árvore.
Silêncio dele é tão alto que os passarinhos ouvem
de longe.
E vêm pousar em seu ombro.
Seu olho renova as tardes.
Guarda num velho baú seus instrumentos de trabalho:
1 abridor de amanhecer
1 prego de farfalha
1 encolhedor de rios - e
1 esticador de horizontes.
(Bernardo consegue esticar o horizonte usando três
fios de teias de aranha. A coisa fica bem
esticada.)
Bernardo desregula a natureza:
Seu olho aumenta o poente.
(Pode um homem enriquecer a natureza com a sua
incompletude?)

Manoel de Barros

Manoel de Barros

O Córrego (perdido de borboletas)
- O dia todo ele vinha na pedra do rio escutar a
terra com a boca e ficava impregnado de árvores.



A Árvore (apoderada de estrelas)
- Até o chão se enraiza de seu corpo!



Um homem pegava, para fazer seu retrato, pedaços
de tábua, conchas, sementes de cobra.



Nas fendas do insignificante ele procura grãos de sol.

Sobre como mastigar o coração II

Encontrar suas respostas, o não sentido nas respostas dos outros não é inocente.
Não tenho raiva, só vivo os sentimentos...

Atraso Pontual

"Ontens e hojes, amores e ódio,

adianta consultar o relógio?

Nada poderia ter sido feito,

A não ser o tempo em que foi lógico.

Ninguém nunca chegou atrasado.

Bençãos e desgraças

vem sempre no horário

Tudo o mais é plágio.

Acaso é este encontro

entre tempo e espaço

mais do que um sonho que eu conto

ou mais um poema que faço? "

Paulo Leminski

Sobre como mastigar o coração I

Assumir que ser mastigado pelo seu coração é pior.

"Quem a mim me nomeia o mundo? Estar aqui no existir da Terra, nascer, decifrar-se, aprender a deles adequada linguagem, estar bem
não estou bem, Ehud
ninguém está bem, estamos todos morrendo

Antes havia ilusões não havia? Morávamos nas ilusões. Ehud, e se eu costurasse máscaras de seda, ajustadas, elegantes, por exemplo, se eu estivesse serena sairia com a máscara da serenidade, leve, pequenas pinceladas, um meio sorriso, todos os que estivessem serenos usariam a mesma máscara, máscaras de ódio, de não disponibilidades, máscaras de luto, máscaras de não pacto, não seria preciso perguntar, vai bem como vai etc., tudo estaria na cara

Não pactuo com as gentes, com o mundo, não há um sol de ouro lá fora, procuro a caminhada sem fim, te procuro..."

Da mania de cuidar...

Não sou a pessoa mais cuidadosa que existe, digo de modo organizado, minhas coisas tem vida e ficam por ai, mas das pessoas, quero cuidar delas, quero que durem pra sempre.
Não pedir muita gente na vida, o que é bom, as que foram fazem falta, as que se perderam não, mas as que estão vão ser cuidadas e apesar de tudo, me veja um tanto mais patética do que nunca, porque viver uma vida gigante se privando do que agente gosta, sofrendo e trocando pelas coisas que não gostamos, pelo qual sofremos.
Ontem tive uma conversa sobre como não como determinadas coisas, sou chata, quantas vezes me disseram que era porque eu nunca passei fome, frescura, fui condenada, quase obrigada, logo eu que saio de roupa amassada, tive piercing no septo e nunca me privei de sair quando era menor de idade mesmo com a proibição dos meus pais, sendo sendo caça e caçadora, hipócrita até dizer chega.

O tempo da palavra

Tem todos aqueles registros, agendas, diários, cadernos, pedaços de papel, momentos de 'internas' que eu não lembro mais do que se trata, pedaços de textos sem autor, nomes de filmes e livros, telefones também sem nomes, projetos, coisas a fazer, listas pra mais de metro, faço lista pra tudo, ingressos de shows, peças, palestras, será que fui eu que escrevi isso ou alguém escreveu pra mim, matérias de jornais, adesivos, coisas que não me representam mais, posters, frases que eu entendo melhor, as que não fazem sentido nenhum, em inglês, desenhos, post-it, sentimentos, fotografias...

Faz tanto tempo que eu escrevo e ao mesmo tempo tanto tempo em que não me dedico a isso, quando era mais nova eu e os amigos queriamos escrever um livro, tinha tanta coisa engraçada, hoje estamos em cantos, nos encontramos e rimos delas, ainda bem que lembramos das coisas....

Ainda bem que há vida no peito.

Lembro quando era pequena de minha tia Toninha contar algumas histórias relacionadas a Deus, o céu, como se tratar as pessoas bem, como se é importante ter carinho e etc.
Eu não sei como era minha relação essa época com Deus, eu não me lembro, mas eu sempre sinto que tem algo no ar, algo que está em todos os lugares e que dá um jeito de ter coisa boa no meio de coisa ruim.
Hoje tive uma notícia muito boa, um reconhecimento, uma coisa que mexe com os meus sonhos, uma coisa que eu só quero que dê certo.
Por hoje estou feliz!

Beijo seus olhos, a fortaleza da alma

Há tantos caminhos em que nos cruzamos

como vizinhos que somos, daquilo que nos tornamos

aquelas coisas todas que nos habitam

Temos loucura e raiva, dito e calado

Aprendo, mas construímos potência, que é a maior das potências

Me visto de ti, te tenho no peito

te levo a todos os cantos

Com você pude ser eu, livre,

Te dei muito do meu,

Te escutei, te amei, te amo.

Sidarta - Hermann Hesse

"Nesse instante, Sidarta deu-se conta de que

 o jogo terminara, de que jamais poderia voltar

 a fazer parte dele. Um calafrio perpasou em seu corpo.

 Sentiu que algo acabava de morrer na sua alma"

A pergunta é

Pra quem você realmente anda mentindo?

No caminho!

Qualquer amor

Só se pode viver perto de outro,e

conhecer outra pessoa, sem perigo de

ódio, se a gente tem amor. Qualquer

amor já é um pouquinho de saúde, um

descanso na loucura.

João Guimarães Rosa

Quase 4 meses

Você tem quatro meses e já sabe o que quer.
Não é por acaso que é a cara do seu pai, o gênio dele você tem com certeza!
Sua primeira palavra pra minha alegria foi titia, depois veio mãe e vô, muitas palavras pra pouco tempo, e nesse pouco tempo você já se equilibra em pé, aliás não gosta nem um pouco de ficar deitada, e já fica +/- sentadinha apesar de nós não deixarmos você ficar muito assim, preocupações com coluna e etc.
Contra minha vontade tem uma chupeta, mas estou te ensinando coisas legais em compensação como mostrar a língua e sempre que possível te levo pra rua comigo, o lugar mais longe foi a papelaria, mas agora que o fonte secou você pode ir comigo pra mas longe, você é igual seu vô, seu pai e sua tia adora a rua, apesar de hoje eu estar convicta que dei o melhor presente pra sua mãe, um canguru, porque não tem braço que te segure com seus 7 kilos e tantos.
Não gosta de nada na cabeça, toca, laço, tiara, nada, fica brava.

Hoje você durmiu assim, a cena da foto, ouvindo música no celular do seu pai.
Se um dia você for mexelona que nem eu vai encontrar isso e muito mais coisas e eu espero ser que nem minhas tias que contam história engraçadas da infância, tenho que admitir, rimos muito de você como no dia que você descobriu que tinha pé e tentou comer ele.

Sua tia te deseja muito saber pela vida, saúde e felicidade!
A vida é dura, mas é bonita.

Conforto / confronto

A pergunta "onde está seu espelho?"

No outro, encontro aquele ponto que me incomoda.
No chão, será que o pé não basta?
Na liberdade, não significa falta de limites e sim saber do limite
Na saudade, só que as vezes eu entendo.

A pergunta ao outro é:
O que há de você em mim?